
Em colaboração com Isaac Henriques de Medeiros
A iluminação pública, embora muitas vezes subestimada, é uma das infraestruturas urbanas mais estratégicas para o funcionamento e a transformação das cidades. Vai além da simples visibilidade noturna: impacta diretamente a segurança, a vitalidade dos espaços urbanos, a sustentabilidade ambiental e a percepção da população sobre o ambiente em que vive.
Para Isaac Henriques de Medeiros, geógrafo e especialista em planejamento urbano e ambiental da Prefeitura de Belo Horizonte, pensar a iluminação pública é pensar em como a cidade se estrutura após o pôr do sol. “Ela deve ser tratada como um componente essencial do planejamento urbano, articulada a outras políticas públicas e integrada à dinâmica dos territórios”, afirma.
Estudos realizados em grandes centros urbanos, como Nova York, apontam redução de até 36% nos crimes noturnos em áreas que passaram por reforço na iluminação. Em Belo Horizonte, a experiência local confirma esse efeito: praças, passarelas e calçadas bem iluminadas se tornam pontos de circulação segura e ativa, promovendo a ocupação do espaço público e afastando comportamentos de risco. A luz não apenas ilumina, mas comunica presença, cuidado e pertencimento.
Além do papel direto na segurança, a iluminação também atua como ferramenta de valorização urbana. Em Belo Horizonte, projetos em centros históricos, orlas e áreas de convivência têm utilizado a luz como elemento de requalificação. Iluminação cênica e funcional transforma a paisagem noturna, estimula o uso dos espaços públicos e movimenta a economia local, promovendo maior integração comunitária.
Esse uso estratégico da iluminação urbana dialoga diretamente com as diretrizes ESG — ambiental, social e de governança — cada vez mais presentes na agenda pública. Para Medeiros, o desafio atual dos gestores é pensar a luz como parte de uma infraestrutura inteligente e sustentável. Isso significa incluí-la nos planos diretores, definir metas de impacto, garantir participação social e buscar soluções com base em critérios técnicos e ambientais.
A tecnologia tem sido uma aliada crucial nesse processo. A substituição de lâmpadas convencionais por sistemas LED, por exemplo, permite economia de até 80% no consumo de energia elétrica e reduz drasticamente os custos de manutenção. Os LEDs também têm maior durabilidade e menor impacto ambiental, já que não contêm substâncias tóxicas e geram menos resíduos ao longo do tempo.
Contudo, a transição para esse modelo exige investimento inicial, atualização da infraestrutura e capacitação técnica. O setor público, diante dessas demandas, tem recorrido a estratégias como parcerias público-privadas e acesso a linhas de crédito verde. Em Belo Horizonte, já estão em andamento projetos-piloto que incorporam sensores de presença, regulação automática da intensidade luminosa e controle remoto das luminárias, permitindo uma gestão mais eficiente e sustentável da rede.
A incorporação de práticas sustentáveis deixou de ser um diferencial ético para se tornar uma exigência técnica e estratégica. Segundo Medeiros, a sustentabilidade passou a ser um critério de viabilidade de projetos urbanos, com impacto direto no acesso a recursos financeiros e na efetividade da gestão pública. “Quando a sustentabilidade deixa de ser apenas um valor e se torna critério técnico, ela passa a viabilizar soluções concretas e duradouras para a cidade”, ressalta.
Nesse contexto, a iluminação urbana se apresenta como uma das áreas com maior potencial transformador. Atua de forma transversal em temas como mobilidade, segurança, meio ambiente, inclusão social e qualidade de vida — pilares centrais de cidades inteligentes e resilientes.
Empresas especializadas como a Ecominas têm contribuído com essa transformação, desenvolvendo projetos que aliam eficiência técnica, impacto positivo e responsabilidade socioambiental. O futuro da iluminação pública está diretamente ligado à capacidade das cidades de adotarem soluções inovadoras, com visão estratégica e compromisso com o desenvolvimento sustentável.
Ao caminhar pela cidade, observe: a luz transforma mais do que ruas. Ela redefine como ocupamos, sentimos e vivemos os espaços urbanos.
Assista a conversa com Isaac na íntegra aqui:
https://youtu.be/UX9HnfSbkJI